terça-feira, 3 de junho de 2008

O silêncio de Maringá



É na noite
Quando procuro o sono
Fecho os olhos
E tento ouvir
O silêncio de Maringá
Um silêncio que dura
A eternidade
De poucos segundos

Um motor ronca
Rompendo uma reta
Perdendo força
Nos meus ouvidos

Chega uma música
Em baixo volume
Sobe poderosa
E se perde na escuridão

Logo outros sons
Itinerantes de vozes
Passos e latidos
Vêem e seguem
Sem dar boa-noite

A noite passa veloz
O dia começa na madrugada
Acelerações e freios
Buzinas e máquinas
É a cidade de pé
Em movimento

Houve um tempo
Em que a cidade
Dormia mais cedo
Não vagava tanto
E acordava no horário

Tempo da poeira
Dos lampiões
Das casas de madeira
E portões de balaústres

A noite era de poucos
Só dos profissionais
Hoje o dia ficou pequeno
A noite é a extensão

É na noite
Quando procuro o sono
Fecho os olhos
E tento ouvir
O silêncio de Maringá
Um precioso silêncio
Um frágil silêncio
Que dura menos
Que a pureza do instante

A noite
Já não é mais noite
É só o dia sem sol
Entrando no outro dia

(Livro Maringânias - 2007 - Poesias comemorativas - Maringá 60 anos)