quinta-feira, 30 de abril de 2009

Seção Bola Velha - Baú do De Paula

1993 - Time da imprensa de Maringá: Paulinho Boa Pessoa, Luiz Fabretti, Edivaldo Ferreira, Júlio Meneghetti, Marcelol Henrique e Jorge Junior (em pé); o garotinho Alan (filho do Marrom), Marrom, Cabo Zé Carlos, De Paula, Eli Silva, Ananias Rodrigues e Adilson Cascão

quarta-feira, 29 de abril de 2009

9 horas da manhã

Ela só queria ser feliz. Aqui mesmo, na sua cidade, no seu bairro, na sua rua, com sua gente. Queria ser feliz com seu homem e seus filhos, com seu trabalho, suas prosaicas preocupações diárias e seus alegres finais de semana. Queria andar pelas calçadas, descansar à sombra de uma mangueira, ouvir cantos suaves, conversar sem pressa, viver sem pressa. Queria ficar na banda de cá sem grandes sobressaltos. Amava a vida como se não existissem outras e como se esta fosse para sempre.

A espreguiçadeira na varanda, o pequeno jardim, as abelhas fazendo círculos nas flores e o sol quente das 9 da manhã era só o que ela queira. Ela queria o fim do dia, a dança dos galhos, as folhas que voam e as que repousam mudando de cor, as luzes pontilhando na longa e serena rua, demarcando a felicidade. Nas casinhas uniformes, a feliz repartição. Ela queria se completar nesse pequeno mundo, ter todos os amanhãs que pudesse.

A parte que lhe cabia desta felicidade era fácil de encontrar. Estava na horta no fundo da casa, nos pés de manga e de abacate e no caminho de tijolos pelo quintal. Queria um caminho leve, com chuvas inesperadas, vôos rasantes de passarinhos e um sorriso para cada bom-dia. Frutas caindo de maduras, verdes de todos os tons surgindo das hortaliças, o doce cão de econômicos latidos e o azulão do céu de nuvens brancas. Era só isso. Queria as imagens, os sons e os cheiros das estações. Que se perpetuasse assim porque mais ela não queria.

Ela foi menina de escola, de roupa azul e branca, céu e pureza, risos e brincadeiras, alegria e inocência. Foi moça sonhadora, de enxoval e aliança. Foi mulher como tinha que ser e mãe como amava ser. Levou os sonhos pelas estradas do tempo e, mesmo quando o céu se tornava negro, ela os mantinha intactos. O azul e o algodão sempre vão aparecer, pensava. E era o que acontecia.

Vez ou outra, debruçada no beiral da janela, enxergava todos os sonhos na linha do horizonte. Contava histórias só para si, deixando invioláveis e a salvo tantos momentos. Ria com satisfação, feito aquela menina da escola. Tranqüila, passeava no seu mundo, apreciando cada segundo. Mantinha a serenidade como se soubesse o caminho exato, como aquele de tijolos no quintal.

Numa manhã, por volta das 9 horas, da espreguiçadeira levantou os olhos pela última vez. Via tudo o que queria na linha do horizonte. Virou para o lado. Viu o pequeno jardim, as abelhas girando, os tijolos a perder de vista. Cerrou os olhos. Ela só queria ser feliz. E foi.

(Antonio Roberto de Paula - publicado no jornal O Diário do Norte do Paraná, dia 18 de maio de 2008)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Seção Relíquia - JAP´s 1963


1963 - Chaveiro comemorativo da sétima edição dos Jogos Abertos do Paraná, realizados em Maringá. Além da tocha olímpica, o grão do café estilizado na flâmula verde. No verso, os anéis olímpicos, que representam os continentes. Azul, Europa; amarelo, Ásia; preto, África; verde, Oceânia; e vermelho, América. Os Jogos eram só do Paraná, mas a organização resolveu homenagear o mundo todo.

sábado, 25 de abril de 2009

Raízes dos momentos felizes

- Zizi, sabe aquela música?
- Aquela que você vive cantando e assobiando? “Todo mundo tem um amor na vida e por ele tudo é capaz.”
- Você tá de brincadeira. Nem tô lembrado disso.
- Como, não? Desde que te conheço, do nada vem a imitação do Leno e da Lílian:”Eu tenho uma paixão que é proibida só porque sou pobre demais.”
- É outra música.
- Qual?
- Regra Três, do Vinicius e do Toquinho.
- Canta um pedacinho.
- Aquela que a gente cantava com os amigos no bar, lembra?
- Já faz tanto tempo... Canta um pedacinho.
- “Tantas você fez que ela cansou, porque você rapaz, abusou da regra três.”
- Assim você me entristece.
- Pôxa, mas por que?
- Eu me sentia a própria regra três, a reserva.
- Não acredito que você tá me falando uma coisa dessas.
- É meu caro, trinta anos se passaram, mas quem apanha não esquece.
- Lá vem a dramática.
- Dramática, não. É a pura verdade. Pensa que eu não sei dos teus rolinhos com a Rosana, a Cíntia. Que ódio! Só de lembrar da cara da Cíntia, parece que vai me dar um treco. A Ana Maria também...
- Você tá de brincadeira. Nunca tive nada com elas. Tudo amizade.
- É, me engana que eu gosto. Mas o que deu em você pra lembrar desta música?
- Tava pensando como é importante ter alguém do lado e respeitar. E esse alguém não pode nunca perder a esperança, acreditar sempre no companheiro e saber perdoar.
- Pera aí, Eugênio. Vai devagar com o andor. Pelo que eu sei, a letra não é bem isso que você tá dizendo. É o contrário: ela manda o cara passear.
- Certo, certo. Mas ela radicalizou. Quero dizer que a música é uma lição para o cara aprender a respeitar a mulher. Agora, tem o seguinte: ela tem que saber perdoar.
- Geninho, canta mais um trecho pra mim. Espera aí! A gente não tem ela num CD?
- Tem nada. Já procurei.
- A música mexeu contigo...
- É, viajei pra aqueles tempos em que a gente se conheceu, da minha turma do Científico, da tua turma do Normal, da grapete, da cuba, do Continental, as músicas no toca-disco, a gente cheio de sonhos. Viajei pra lá e agora, olhando pra você, te vejo tão linda como na saída do colégio, esse eterno sorriso.
- Pôxa, foi lindo isso. Me emocionei... Bateu uma saudade. Canta mais um trechinho.
- “Da primeira vez ela chorou, mas resolveu ficar, é que os momentos felizes tinham deixado raízes no seu penar. Depois perdeu a esperança porque o perdão também cansa de perdoar.”
- Geninho, nunca vou perder a esperança.
- E também nunca você vai precisar perdoar. Você é minha titular absoluta desde que começamos com essa história. E sem reserva!
- Sei lá se é verdade, mas que é bom ouvir, lá isso é.
- Vem cá, Zizi.
- Geninho...

(Antonio Roberto de Paula - Texto publicado no jornal O Diário do Norte do Paraná, dia 5 de abril de 2009)

quinta-feira, 23 de abril de 2009




1958 - Brasil, campeão mundial na Suécia. Final disputada em Estocolmo, no dia 29 de junho. Placar de 5 a 2 contra os donos da casa. Técnico Vicente Feola, Djalma Santos, Zito, Belini (com a taça), Nilton Santos, Orlando e Gilmar (em pé); Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e o preparador físico Paulo Amaral

Grêmio Esportivo Maringá - 1963


Campeão Paranaense em 1963, o Grêmio Esportivo Maringá fez campanha de sócios proprietários naquele ano. O elenco que conquistou o título era formado por Evir (goleiro), Ézio (goleiro), Edson, Pinduca, Marcos, Oliveira, Oliveirão, Nilo, Macário, Haroldo, Azevedo, Soca, Leonel, Chapadão, Garoto e Nilson
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Futebol e Guerra


Livro "Futebol & Guerra" - 2001 - Andy Dougan. Uma história extraordinária na Ucrânia de 1942, ivandida pelos alemães. Bravos jogadores de uma padaria de Kiev, a maioria pertencente ao elenco do Dínamo, enfrentam os alemães da Luftwaffe. Vale a pena ler. Uma lição de vida.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cantinho da saudade: Antonio Paulo Pucca e Osvaldo Lima"


1969 - Antonio Paulo Pucca, o maior narrador esportivo de Maringá, e Osvaldo Lima, colunista esportivo do O Jornal (depois Jornal do Povo). Os dois no Aeroporto Guararapes, em Recife-PE. Eles estiveram na capital pernambucana para cobrir o jogo do Grêmio Esportivo Maringá contra o Sport Recife, na Ilha do Retiro, pelo "Robertinho", uma espécie da Série B dos anos 60. O Grêmio foi o campeão da competição. "Robertinho" vem de "Roberto Gomes Pedrosa", nome do torneio que envolvia os principais clubes e foi o embrião do Brasileirão, que teve a primeira edição em 1971. Pucca falceu em 2007 e há muitos anos tinha se afastado do rádio esportivo. Tinha um programa diário na TV Maringá (Band), o Jornal da Manhã. Lima morreu em 2002 e até os últimos dias de vida fez a coluna "Em cima do lance", no Jornal do Povo.

"A História do Futebol Profissional de Maringá"

Livro "A História do Futebol Profissional de Maringá", publicado em 2005, trabalho elaborado pelo ex-jogador do Grêmio Maringá, Reginaldo Lima, e por Ortílio C. Vieira, o Tilinho, que trabalhou por muitos anos no Galo da Cidade Canção, sendo o maior estudioso do futebol profissional maringaense. A pesquisa é ilustrada com mais de 350 fotos. Reginaldo me presenteou com um exemplar e no autógrafo fez uma brincadeira sobre o meu desempenho futebolístico, relembrando os amistosos em que atuamos juntos pelo time da imprensa de Maringá. Olha o que ele escreveu: "Ao amigo Antonio Roberto de Paula a quem admiro pelo trabalho jornalístico e pela habilidade nos jogos que fizemos juntos. Com votos de sucesso. Agradecido pelo apoio. Um abraço. Reginaldo Lima.
O Reginaldo é um brincalhão

Vida e bola

Queria ser Gerson. Nos meus sonhos eu era o Canhotinha de Ouro. Nas peladas, queria fazer como ele. Havia um problema: era destro. De tanto treinar, virei ambidestro. Não conseguia, contudo, fazer lançamentos de 30, 40 metros. Não conseguia organizar o meu time, não falava como ele e não tinha o espírito de liderança igual ao dele.

Quando o Brasil ganhou o tri, ganhei junto com o Gerson. O na final contra a Itália, o segundo, o que abriu o caminho para a goleada, teve a minha contribuição. Quando a bola sobreou para ele, depois da jogada de Jairzinho, na meia-lua da grande área, juntos soltamos a canhota, corremos, um ao lado do outro, de braços abertos.

O Estádio Asteca nos aplaudiu, o Gerson e eu. Choramos e erguemos as mãos para o céu, eu e ele, quando soou o apito final. Passou a Coppa de 70 e já não queria mais ser Gerson. As crianças são por demais inconstantes. Cansei de brincar de Gerson. Gerson ficou na história.

Agora, queria ser Rivelino. Ser Gerson foi muito cansativo. Tinha que fazer lançamentos e gritar com todos os companheiros. Não sabia fazer nem uma coisa nem outra. Mudei. Passei a ser Rivelino. Era só jogar mais adiantado e mandar a bomba de canhota. Fechava os olhos e me via num Morumbi lotado lutando com meus companheiros do Timão para quebrar o jejum de títulos.

O Cortinhians perdia mais do que ganhava. No final, Riva era criticado pela imprensa e pela torcida. A Fiel já não o queria mais por lá. Sofríamos juntos. Acabaram destronando o Reizinho do Parque. Rivelino foi para as Laranjeiras e eu, na minha inconstância e pelo fato de ser corintiano acima de tudo, preferi ser outro craque.

Passei as ser Sócrates. Minha técnica futebolística não ia além de uns golzinhos de bico. Mas queria fazer como o Magrão. Cheguei a dar alguns toques de calcanhar, todos sem objetividade, ao contrário do meu ídolo da ocasião, que fazia gols de costas para o goleiro e deixava os companheiros na cara do gol para concluir.

Larguei mão de ser Sócrates quando seu gás acabou em 86 e ele errou o penalti contra a França.Já vinha me identificando com Careca. Queria ser igualzinho ao habilidoso e raçudo atacante do Guarani e do São Paulo.

Vã tentativa. fazer gols como o Careca era impossível para um cara como eu, dono de um estilo tosco e desajeitado. Torci para que ele curasse do joelho em 82. Não deu. Naquela seleção inesquecível de Telê faltou meu ídolo. Chorei quando Paulo Rossi nos tirou o tetra, mas meu choro já vinha de antes.

Quis ser muita gente boa de bola. Estive no Canal 100 dando dribles como o Garrincha. Fui Falcão liderando a Roma no título de 80. Vesti vermelho e preto para ser Zico. Fui o artilheiro mineiro Reinaldo. Internacionalizei meus sonhos para ser Maradona e Platini.

Só não tive a pretensão de ser Pelé. Nem em sonhos eu conseguiria. Passei dos 40. Minhas flácidas e meu diminuto fôlego me impedem de tentar fazer algo parecido com o que meus ídolos faziam.

Os sonhos já não são tão fantásticos porque já não estou mais neles. Sonho em preto e branco.Sonho com um estádio que leva o nome de uma vila, um time vestido todo de branco e figuras negras fazendo mágicas.

Sonho com um tiro de Paulo Borges de fora da área, a explosão de um Pacaembu comemorando o fim de uma era de suplícios, o fim de um tabu. Sonho em múltiplas cores. No meu sonho desfilam meio-campistas de times históricos: Andrade, Adílio e Zico; Piaza, Zé Carlos e Dirceu Lopes; Dudu e Ademir da Guia; e Clodoaldo e Gerson.

Vagueio entre datas nada cronológicas. Abro espaço para Romário, Ronaldo e Rivaldo. A bola rola. O tempo e o lugar não são tão importantes. Por isto, eu sou o espírito do futebol. Sou onipresente.

Não tenho cores definidas, portanto, não tenho adversários. Sou o amor e a alegria que impulsionam a bola através dos tempos. Sou o garoto de sempre, que faz da inconstância na admiração uma forma de homenagear os mestres da bola. Sou o garoto de todas as idades que eterniza o futebol.

(Do livro Da minha janela, publicado em 2003)

Maringá - Imagens que contam a história

Maringá-PR, começo dos anos 1960, quando a Catedral começou a ser construída. Ao lado, um circo. Na avenida XV de Novembro, esquina com a Getúlio Vargas, que se chamava Ipiranga, o Edifício Maria Teresa em construção. No alto dá para ver o Estádio Willie Davids, ainda sem as arquibancadas, com eucalíptos atrás. A Zona Sete, à direita, é só mata. Foto de Kenji Ueta

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A história do Sport Club Corinthians Paulista

Time do Corinthians, campeão Paulista de 1914: primeiro título de uma história de glórias
Os moradores do bairro de Bom Retiro, em São Paulo, assistiram, em 1910, de certa forma reconfortados, a polícia fechar o Botafogo, clube que jogava partidas de futebol num terreno baldio da rua José Paulino. Ao final de cada jogo, ganhando ou perdendo, os integrantes do Botafogo se engalfinhavam com os adversários e ninguém, pelas redondezas, tinha sossego.
De todos, os mais tristes com o desaparecimento do clube eram Antônio Pereira, pintor de paredes, Joaquim Ambrósio, Carlos da Silva, Rafael Perrone e Anselmo Correia, os quatro últimos funcionários da São Paulo Railway. Afinal, eles jamais participavam de brigas.
Gostando de futebol, mas sem time para praticá-lo, os cinco amigos ficaram satisfeitos quando souberam que o Corinthians Team, da Inglaterra, viera jogar em São Paulo, depois de golear impiedosamente as equipes cariocas.
E foi depois de assistirem a vitória dos ingleses sobre o Palmeiras, no Velódromo, que eles tomaram a decisão de formar um clube. A primeira reunião realizou-se na noite do dia 1º de setembro de 1910, debaixo de um lampião a gás da rua José Paulino. O clube fora fundado mas não tinha nome.
No dia 5, na barbearia de Salvador Bataglia, que aderira ao grupo, Antônio sugeriu um nome que foi aprovado por todos que participavam da segunda reunião: Sport Club Corinthians Paulista. O primeiro treino do Corinthians só pôde ser realizado no dia 14 de setembro, pois os sócios do clube encontraram algumas dificuldades em arranjar os seis mil réis que custava a bola.
O uniforme, na falta de outro, ficou sendo o mesmo do extinto Botafogo: camisas azuis, com listras brancas finas e verticais. O primeiro jogo foi uma decepção. O União, dono de um time respeitável, derrotou o Corinthians por 1 a 0. O segundo, porém, contra A Atlética Lapa, marcou a sua primeira vitória: 5 a 0.
E foi a partir desse dia que o Corinthians passou a usar a sua camisa branca, com golas e punhos pretos. Com ela, o Corinthians estreou no Campeonato Paulista, em 1913, para enfrentar os temidos times da Liga e se tornar, anos depois, um dos clubes de maior torcida do Brasil. O primeiro título conquistado foi o Paulista de 1914.
(Fonte: A História Ilustrada do Futebol Brasileiro – volume 2 – Edobras – Editora Documentação Brasileira – 1969)

Seção Bola Velha - Equipe Esportiva da Rádio Atalaia - 1995


20 de agosto de 1995 - matéria do jornal O Diário do Norte do Paraná. Equipe esportiva da Rádio Atalaia de Maringá: Luiz Fabretti, Cezar Luiz, Antonio Roberto de Paula, Camilo, Sérgio Gini, Hamilton Cardoso (em pé); Antonio Borges, Ananias Rodrigues e Eli Silva (agachados).
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terça-feira, 14 de abril de 2009

Seção Bola Velha - Chácara do Augusto Robélio de Paula

9 de março de 2008 - Chácara do Augusto Robélio de Paula, em Maringá-PR. Alguns boleiros deste grupo jogam juntos há pelo menos 20 anos. Augusto é o de colete vermelho número 2 e o garoto ajoelhado olhando para ele é o Danilo, seu filho mais novo. O Caio, irmão do Danilo e meu afilhado, é o que está com a camisa do Galo
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Seção Bola Velha - PM e Imprensa


Dia 6 de dezembro de 2006, no Estádio Willie Davids, em Maringá. Time formado por policiais militares e profissionais da imprensa. O que está agachado próximo do PM fardado é Osler Colombari, que não é militar e nem milita na imprensa. Ele é proprietário do MPB Bar

Seção Bola Velha - Glória isolada

Grêmio de Esportes Maringá, campeão Paranaense de 1977: Wagner, Assis (falecido), Celso, Didi (falecido), Nilo e Albérico. Agachados: Freitas (falecido), Ferreirinha, Itamar, Nivaldo, Marquinhos e o massagista Bombinha (falecido)


Falta para o Grêmio no bico da grande área. A equipe maringaense perde por 1 a 0 para o Coritiba, no Couto Pereira, na decisão do Campeonato Paranaense de 1977. Itamar cobra a falta, gol do Galo. Final: 1 a 1. Grêmio campeão. Na tarde de 2 de outubro, o torcedor maringaense comemorava o título sem imaginar que seria o último.

Uma campanha histórica, ainda mais marcante porque quase nada aconteceu depois disso. Veio o vice de 81 e títulos da Intermediária. Mas quem valoriza vice? Ainda mais que o campeão foi o Londrina! E chegar em primeiro na segunda divisão não é motivo para comemorar. É obrigação.

Quem não viu, perdeu, não verá jamais. O Galo tinha um time de primeira. Fazia frente pra qualquer outro. Nilo e Celso, dois excelentes zagueiros. O meio-campo era o ponto alto: Didi, Nivaldo e Ferreirinha. Didi era o craque, o mestre, o maestro. Foi o jogador mais habilidoso que eu vi vestindo a camisa do Grêmio.

Nivaldo tinha uma canhota fortíssima e sabia fazer lançamentos. O franzino Ferreirinha era o pulmão da equipe. Corria e marcava por ele, pelo Didi e pelo Nivaldo. No ataque, o pontinha Freitas, veloz e atrevido. Não era de finalizar, mas ótimo puxador de contra-ataques e bom nos passes e cruzamentos. Itamar comandava o ataque, um emérito goleador, bom de pé direito, esquerdo e pelo alto.

No gol, Wagner fazia seus milagres. Assis, Albérico, Cleber, João Marques, Bernardo e Marquinhos eram os coadjuvantes: pouca inspiração e muita vontade. E Wilson Francisco Alves, o Capão, no comando. Um time que ficou na memória da torcida, que naquela época lotava o Willie Davids.

O presidente Marcos Pena, tendo na retaguarda o prefeito João Paulino, contou com inúmeros companheiros na campanha. Um pessoal que arregaçava as mangas. A imprensa cobrava demais. Ela foi o fator decisivo para que a diretoria reforçasse o time na repescagem.

Era um esquema imediatista, sem pensar no futuro, que acabou dando certo. Vários componentes positivos redundaram na conquista, mas infelizmente não houve planejamento. No entanto, aquela glória isolada do Grêmio de Esportes Maringá jamais será esquecida.

"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba. Mas nada vai conseguir mudar o que ficou..."

(Texto de Antonio Roberto de Paula, originalmente publicado no Jornal do Povo, em 1997, e depois no livro Da minha janela, 2003)