segunda-feira, 20 de julho de 2009

Crianças, poesia e a caderneta

Dia desses fiz uma poesia para as crianças. Versos simples, saídos quase que por acaso. Muitas vezes escrevo e imagino alguém cantando ou declamando, enfim, pondo vida às letras inertes ordenadas no papel. A poesia virou música numa melodia que eu inventei naquele instante e, conforme cantarolava, fui perdendo o ritmo até me pegar declamando bem baixinho para ninguém escutar.

Fiz a pequena poesia na caderneta que ganhei uns dois anos atrás do Burzega. Aliás, a ideia da caderneta como brinde é genial. Demora acabar com ela. Enquanto isto, você vai carregando a caderneta Burzega – Image Achievement para baixo e para cima, escrevendo de tudo nela.

Pois bem, estava eu num dia desses de outubro, sentado num banco, esperando não lembro quem ou o quê, quando me pus a pensar nas crianças. Vejo crianças uniformizadas, dos 7 aos 10 anos quase todos os dias. Uma das maravilhas da vida é vê-las saindo da escola. Elas espalham alegria ao irromper o portão. Ficam quatro horas retidas e ao sair botam para fora todo o prazer de se ver livres. Correm, pulam, conversam alto, gritam...

Pensava eu nas crianças, lembrava do meu filho que já passou dos 20 anos. Eu o via pequeno, de uniforme, fazendo igual a esta molecada que entra em ebulição após o toque da sirene anunciando o final das aulas. Peguei a caneta e a caderneta e fui escrevendo sobre a vida delas, dos caminhos a percorrer. E pensava sem tristeza e escrevia com satisfação porque as crianças têm o direito a todas as alegrias possíveis.

Evitava pensar nas crianças que sofrem. Embarquei numa nau deixando os sonhos ruins no fundo do mar ou fiz com que eles se diluíssem na névoa. Para elas, criei um mundo com couraça contra a dor e acreditei na boa esperança. Desviei da crueldade, criei horizontes de paz para que elas pudessem sempre levar o sorriso puro. E o vento levava um canto feliz que chegava a todos os lugares.

Abri o sol muitas vezes para iluminar os corações dos homens. Depois vinha a lua testemunhar o adormecer dos pequenos. E a alegre viagem seguia sem fim. Eu era um anjo da guarda, guardando os caminhos e abrindo clareiras. Pensava em tantas crianças. Em tantos adultos também, naqueles que carregam pela vida o espírito delas, os tais eternas crianças.

Devido às limitações da veia poética, reduzi a fantasia a estes versos que estão lá na caderneta: Que faça bom tempo/Aqui, por aí e por lá/Relógio num passeio lento/Muitos sóis ainda a clarear/E a lua, luz, prata pura/Nas noites repletas e vãs/Outra parceira na aventura/Preparando novas manhãs.

(Antonio Roberto de Paula - Publicado no jornal O Diário do Norte do Paraná, dia 28 de outubro de 2007)

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