No começo dos anos 1970, Walter Poppi fez um artigo para a página cultural de domingo, em que falava sobre as brincadeiras de criança. Lá pelas tantas do texto, Poppi ousou colocar a seguinte frase: “A gente pulava com a bunda na água, batia a bunda na água e saía pulando.”
Falar “bunda” naquela época era pornografia, escrever a palavra um insulto, e escrever no jornal do bispo, além de pornografia e insulto, era demissão na certa. A coluna foi entregue para Elpídio. O chefe das oficinas Gumercindo Carniel avisou Poppi que o artigo não iria sair.
O repórter pegou o texto e o levou ao linotipista. E na edição de domingo, saiu não apenas uma bunda, mas duas. Estava lançado o primeiro palavrão no jornal do bispo. Elpídio, incontinente, pediu a cabeça de Poppi. Já Assis, adotou o estilo Pilatos, lavou as mãos e deixou tudo com dom Jaime. Se o bispo ficasse quieto, Poppi continuaria.
Naquela semana, dom Jaime visitou o jornal. Corajoso, o repórter foi perguntar o que ele tinha achado do artigo. Para a surpresa geral, o bispo até elogiou: - Li, gostei muito. Está muito boa esta página. - Tem uma pornografia aí, o senhor não vai falar nada? - Não, mas se tem é o sentido da palavra. O sentido da palavra não tem nada demais. Está no contexto.”
Esta e outras histórias estão no contexto, estão no universo de um jornal que veio para não ficar, para permanecer só por duas décadas. mas que deixou marcas e revelou o espírito dos seus personagens.
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