quarta-feira, 18 de março de 2009

Livro: “O Jornal do Bispo” Capítulo 68 (Último) – COM A PROTEÇÃO DA CATEDRAL, NO CORAÇÃO DOS MARINGAENSES E NA HISTÓRIA

São mais de cem degraus, escadarias em forma de caracol. Um concreto opressor. O ambiente é de penumbra até chegar ao quarto piso. Ali está localizado o Museu Diocesano, inaugurado em 2000.

As visitas são raras. Muitos fiéis sequer sabem da sua existência. O acesso é difícil e a direção da Catedral parece não fazer muita questão de expor as relíquias diocesanas.

O vigia dá plantão no térreo, no portão de entrada para a escadaria, mas a autorização para subir só é obtida na secretaria. Além da chave na porta do museu, foi colocado um alarme. Não há grandes atrativos no local, que bem poderia levar o nome do 1º arcebispo de Maringá.

Dom Jaime deixou o comando da Arquidiocese de Maringá em 1997, mas ainda está muito presente. Vestimentas sacerdotais, livros, anéis e moedas estão devidamente protegidos por grandes vitrines.

As condecorações e fotos, muitas fotos do bispo, em vários momentos de sua vida em Maringá, tomam conta das paredes. O primeiro exemplar da Folha do Norte do Paraná está fixado num cavalete.

No estreito Museu Diocesano, e também curvo, pois a Catedral tem o formato de cone, dom Jaime conta só um pouco da sua história que é a própria história da Diocese e agora Arquidiocese de Maringá. Boa parte dos títulos, homenagens e comendas, inscritos em belos pergaminhos, está na Residência Episcopal, na Zona 5, onde mora o arcebispo.

Também no quarto piso da Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória, quase ao lado do museu, foi reservada uma área para que fossem colocados documentos complementares da Igreja, álbuns de fotografias de dom Jaime, de eventos e atividades da Arquidiocese e exemplares da Folha do Norte do Paraná.

O silêncio é quase total. Enormes vidros abrem passagem para a claridade. Encanta o visual composto pelo verde misturado ao concreto. É até possível desligar-se para se concentrar nas décadas de 1960 e 1970.

Ali repousa uma história de 17 anos que ainda não foi contada em sua totalidade e certamente nunca será. Era preciso buscar detalhes para amarrar a história e recolher fragmentos para elaborar a síntese. Tentei elaborá-la. Escolher o fio condutor que chegasse ao objetivo para não se perder no emaranhado de situações não determinantes foi o desafio.

No armário de madeira de cinco metros de comprimento por dois de altura encontra-se, disposta em 80 volumes, encadernada em azul e em ordem cronológica, grande parte das edições do jornal do bispo. Abri as páginas para conhecer mais profundamente essa história e contá-la com o máximo de fidelidade e respeito a todos que dela fizeram parte.

Era necessário unir este bruto material ao relato dos personagens responsáveis pelas obras diárias de 1962 a 1979. Uma parte respaldando a outra. Foi o que busquei nesta pesquisa.

Nas páginas amarelas e que vão se partindo pelo tempo é quase possível conhecer o sentimento de uma cidade, de um povo, de uma época. Este trabalho me fez enxergar uma outra Maringá, diferente daquela dos meus tempos de criança, adolescência e juventude.

Nomes de autoridades, empreendedores e profissionais da imprensa que até então eram simplesmente nomes, adquiriram contornos, relevância. Excetuando alguns personagens que, por força de suas obras e cargos, marcaram sua passagem, os demais eu os tirei da superficialidade, destinando-lhes um espaço bem maior de reconhecimento.

Conheci o papel de cada um no contexto de uma época e passei a ter um respeito maior por suas ações. Eles foram agentes ativos, atuando no poder público, no empreendedorismo e na imprensa, contribuindo para o desenvolvimento de Maringá.

Página virada. A Folha do Norte ficou para trás, cumpriu sua missão e hoje é peça de museu. Mas não ficará somente arquivada porque ela ainda vive no coração dos maringaenses que tiveram o privilégio de folhear suas páginas. E vai continuar vivendo porque, em qualquer tempo, quando se falar da história da imprensa do Paraná, o Jornal do Bispo será sempre lembrado.

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