Joaquim Dutra começou formar a equipe do O Diário seis meses antes de lançar a primeira edição. Boa parte dos profissionais pertencia à Folha.
Os funcionários eram contratados com um salário bem superior ao que ganhavam. Frank Silva, Nelson Jaca Pupim, Ismael Serra e o chefe das oficinas, Gumercindo Carniel, estavam acertados meses antes de começarem a trabalhar, mas Dutra pediu sigilo e ninguém disse nada.
Assis e Wilson Serra também foram convidados, mas recusaram. Elpídio Serra lembra que a Folha perdeu quase todo o time da redação.
“Ficou na redação o Assis, só um redator, eu e o Poppi. Não convidaram a gente também talvez para não esgotar o último sangue. O meu irmão Serrinha foi convidado e nem em casa comentou nada. O Ismael foi. Nós ficamos sem gente para a oficina, sem gente para distribuir e entregar jornal, sem cobrador, repórter, revisor.”
A debandada aconteceu no início de junho de 1974. O Diário seria lançado no dia 29 daquele mês, tendo Rubens Ávila, falecido na década de 1990, como chefe de redação. Escritórios, redação e parque gráfico funcionariam num prédio da avenida Tuiuti, que já não existe mais. No local, foi construída a Rodoviária. Depois da Tuiuti, O Diário foi para a avenida Mauá, nº 1988, onde está até hoje.
Para um jornal que liderava a preferência na cidade e na região, o golpe foi duro. Dom Jaime não tinha a intenção de tomar à frente, não pensava em trocar os equipamentos agora superados. A Diocese queria o dinheiro do arrendamento para continuar dando seqüência às obras do Seminário Diocesano e mais nada.
Fregadolli tinha vontade, mas não condições de modernizar o parque gráfico. Além do mais, o jornal não era dele. Assis, o outro sócio, não era do ramo comercial. Negócios não eram com ele. O que ele sempre quis foi escrever, tanto que em 1977 deixou tudo nas mãos de Fregadolli.
Dutra queria fazer do O Diário o número 1. Sabia que sua saída acarretaria prejuízos à Folha. Se colocasse um concorrente, então, o jornal do bispo agonizaria, pois sabia que para dom Jaime o jornal já não era tão importante e, portanto, não o modernizaria.
O sentimento na redação da Folha nos meados de 1974 era de desolação. Na cidade, os comentários eram de que a Folha pouco agüentaria. O Diário vinha com impressora off-set, uma impressão de alta resolução, remetendo para o tempo das cavernas a rotativa do jornal do bispo. As oficinas, que eram o orgulho da Folha, local em que os visitantes faziam parada obrigatória, com direito a fotos, passaram a ser o símbolo do obsoleto.
Naquele início de junho, os jornalistas da Folha conjeturavam sobre o que fazer para, pelo menos, incomodar o novo jornal da cidade. Maringá completa 27 anos. Logo depois, começaria a debandada de funcionários da Folha para o novo jornal da cidade
(Reprodução)
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