Os tempos eram outros em 1973. O País vivia sob o regime militar, mas as turbulências políticas não encontravam ecos tão ressonantes em Maringá como há dez anos. A cara da Folha do Norte na década anterior era anticomunista e todo o espírito contrário à ideologia marxista impregnava suas páginas.
Já nos anos 1970, as maiores preocupações eram com a política local. Dom Jaime havia arrendado o jornal para Joaquim Dutra, mas sua onipresença podia ser sentida. Os artigos católicos, escritos pelo bispo e pelos padres da Diocese continuavam a ocupar grandes espaços.
O comunismo já não era tão execrado porque o perigo estava praticamente afastado. A ditadura estava se encarregando de suprimir todos os focos e o próprio dom Jaime havia deixado de apoiar o golpe militar. Ele não escrevia sobre isso, mas, em muitas oportunidades transformava o púlpito em tribuna para criticar os governantes, para clamar por justiça social.
Suas querelas eram principalmente com o governo do Estado. Dom Jaime reivindicava recursos para Maringá e região. O governo do Estado recolhia os impostos e nada retornava em termos de melhorias. Os tempos da Frente Agrária Paranaense haviam ficado para trás, assim como seus embates com as Ligas Camponesas de Francisco Julião.
A Folha do Norte era um jornal quase meramente noticioso. Não tomava partido em questões relevantes. Algumas rusgas com a Prefeitura e a Câmara Municipal existiam, mas sem que isso se revelasse uma tendência.
Esta opinião não é compartilhada por grande parte dos que lá trabalharam, mas num comparativo com O Jornal de Maringá, todos concordam que a defesa de uma posição, ou de um nome, não era das maiores na história do jornal, excetuando o ímpeto de dom Jaime, no início, no combate ao comunismo.
Com João Paulino, as relações tinham sido difíceis, mas com Luiz Moreira de Carvalho e Adriano Valente, imperava a pasmaceira. Os dois últimos prefeitos tinham sido parceiros de dom Jaime na construção da Catedral.
Carvalho e Valente, através do prestígio do cargo, tinham colaborado sobremaneira para construir o gigante monumento. Portanto, em 1973, a Folha caminhava sem grandes sobressaltos. Ninguém imaginava, no entanto, que no ano seguinte o jornal viria a sofrer um duro golpe.
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