E, como não poderia faltar, logo abaixo da razão social, dom Jaime Luiz Coelho com a pomposa, mas verdadeira função de diretor-fundador-presidente. Iwata era o homem de confiança do bispo no jornal.
Fregadolli já trabalhava na Folha, sabia tudo do jornal, desde a linha editorial até os setores comercial e administrativo. Havia sido um dos melhores vendedores, mas tinha com o bispo um relacionamento cerimonioso.
Bem diferente de Silvio Iwata, que entrava na casa de dom Jaime pela porta da cozinha e quantas vezes quisesse. Até hoje a amizade entre dom Jaime e o imobiliarista e cursilhista é grande. Iwata tem pelo arcebispo grande respeito e admiração.
Dom Jaime não tinha intenções de encerrar o contrato com Joaquim Dutra. O jornal ia bem e raramente o arrendatário o deixava em maus lençóis por publicações ofensivas a pessoas ou instituições.
Até por índole, afinada com o diretor-fundador-presidente, Dutra sabia até onde poderia ir e respeitava a linha imposta pela Diocese. Mas a saída, se não abrupta, mas com alguma surpresa, tinha levado o bispo a se preocupar sobre o destino do jornal.
Já era fato consumado que a Diocese não iria mais administrar a Folha. Os dissabores e prejuízos já haviam sido grandes. Por isso, Dom Jaime apostou num grupo já conhecido, fazendo questão de colocar seu fiel escudeiro Iwata na direção.
Com o novo grupo, a Folha não teve grandes alterações na sua linha editorial. Manteve a estrutura deixada por Dutra, mas os tempos eram outros. Mesmo sob a ditadura de Geisel, a imprensa já não estava tão sufocada.
Os grandes jornais já começavam a dar os primeiros sinais de liberdade e, naturalmente, havia reflexos no resto do País. Na redação da Folha, os repórteres queriam bem mais do que as coberturas diárias da polícia, do esporte, da prefeitura e da Câmara de Vereadores.
Além da própria censura imposta no País, havia a auto-censura da Folha. Dom Jaime continuava com mão de ferro, quando se visualizava polêmica. Os jornalistas que trabalharam na Folha no período pós-Dutra confirmam esta manutenção da censura inaugurada junto com o jornal em 1962.
O Jornal de Maringá, relegado a segundo plano com o surgimento da Folha, adotara uma postura política. Mais para a política partidária do que ideológica. Mas, não deixava de ter uma opinião.
Na Folha, excluindo os artigos de dom Jaime ou um ou outro surto na década de 1960, reinava um espírito de aceitação. O País estava sob o regime militar e o jornal da Igreja não podia polemizar com ninguém. Era esta a ordem subliminar e fim de papo.
Fazia-se um ótimo trabalho em diversas editorias, criticava-se a administração municipal, mas não havia uma abrangência nestas críticas. Os fatos isolados predominavam com matérias sensacionalistas quando um político fazia uma declaração contra um adversário. Não havia uma análise mais aprofundada.
Contudo, a Folha seguia com prestígio. O jornal havia se incorporado à vida do maringaense e do leitor da região. As mudanças na diretoria e eventuais alterações na linha do jornal não incomodavam. O jornal do bispo era a prata da casa, sujeito a críticas, mas o carinho e a estima eram bem maiores.
A Folha acompanhava a transição da Maringá que pôs o pé no progresso no início dos anos de 1960 e nunca mais parou. Maringá não tinha concorrentes, se consolidando como pólo da região. A Folha do Norte logo teria.
A Folha do Norte na década de 1970: sem a ingerência da Diocese, mas dom Jaime continuava a dar as cartas
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O Campeonato Maringaense de Peladas movimentava o esporte da cidade; era uma competição de futebol suíço promovida pela Folha do Norte e Prefeitura, que envolvia clubes, empresas e estabelecimentos de ensino
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