Dom Jaime decidiu, no final de 1977, rescindir o contrato de arrendamento da Folha do Norte do Paraná S/A com a Editora 10 de Maio Ltda, de propriedade de Jorge Fregadolli.
A editora era a responsável pela publicação do jornal, ocupando o prédio da Duque de Caxias e utilizando os equipamentos. O objetivo de dom Jaime não era procurar um outro arrendatário. O que ele queria mesmo era encerrar as atividades da Folha.
Para tanto, foi realizada uma assembléia geral dos acionistas no dia 24 de novembro em que foi proposta a liquidação da empresa Folha do Norte do Paraná S/A e, por conseqüência, a dissolução da diretoria. A proposta foi aceita por unanimidade.
A FAP (Frente Agrária Paranaense) já não era uma bandeira de luta, os comunistas não representavam tanto perigo e a Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória estava concluída.
Na leitura da proposta da diretoria, dom Jaime fez um histórico do jornal explicando os motivos que o teriam levado a arrendá-lo a Dutra e posteriormente a Fregadolli. A cópia da ata da assembléia geral, a oitava desde o início da sociedade, que decidiu pela liquidação, está arquivada na Junta Comercial do Paraná.
No final da folha 5, o bispo ratifica os motivos que o levaram a propor o fim do arrendamento e a liquidação:
“Os resultados deste arrendamento não corresponderam às nossas expectativas. Por um lado, a máquina impressora e todo o parque gráfico tornaram-se obsoletos, pois já foram adquiridos de segunda mão. Os bens móveis e utensílios diversos sofreram a natural depreciação ou desgastaram-se ao longo destes 15 anos de uso. Perdemos a estrutura administrativa e nos distanciamos de nosso objetivo como jornal regional. Por outro lado, não conseguimos o equilíbrio econômico financeiro necessário para o reinício direto de nossas atividades. E, esta, é hoje desaconselhável, porquanto qualquer estudo nesse sentido demandaria tempo razoável e investimentos vultuosos, incompatíveis com a atual conjuntura nacional de plena contenção do crédito, com o mercado investidor regional que padece severíssima crise, e, principalmente, com a nossa situação, que requer solução imediata, a fim de não entrarmos em nova fase de prejuízos. Diante desta flagrante instabilidade, e tendo em vista que a continuidade do arrendamento implicará a prazo curtíssimo no desgaste final dos bens móveis, com total e evidente prejuízo dos senhores acionistas, somos de parecer que a sociedade seja dissolvida, procedendo-se a venda dos bens móveis ainda existentes, e após o pagamento de todas as custas de liquidação e pagamento dos credores, se proceda o rateio do saldo entre os senhores acionistas, na proporção das ações que possuírem. Esta é a proposta que a diretoria submete à aprovação da assembléia geral extraordinária dos senhores acionistas.”
Folha do Norte em liquidação. Expediente em 1978: diretor Jorge Fregadolli, editor-chefe Valdemir Poppi, e Joel Cardoso, que consta como assessor
(Reprodução)
Joel Cardoso: substituto de Frank Silva na coluna social da Folha do Norte
(Foto: Arquivo Revista Conexão)
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