De todos os homens que fizeram parte da história da Folha, Jorge Fregadolli é o único que não aceita passivamente o fato do jornal ter sido fechado. Ele continua, mesmo depois de três décadas, inconformado.
Aos 72 anos, Fregadolli continua na ativa, é proprietário da revista Tradição, publicação que faz jus ao nome, pois está há mais de trinta anos na praça, e é responsável pela Vitrine, no O Diário do Norte do Paraná, coluna que escreve desde os tempos da Folha do Norte.
Para Fregadolli, falar do jornal em que foi um dos diretores de 1973 a 1979, o faz despertar iras e paixões. Um típico caso de amor não resolvido que o tempo jamais vai apagar da sua mente.
O veterano publicitário está entre os que mais se empolgam ao falar do assunto e, ao contrário, da maioria, entende que o Diário só cresceu porque a Folha parou:
“A Folha do Norte sempre teve uma linha de conduta muito limpa. Ela não se preocupava com os adversários. Ela fazia seu caminho. Nós tínhamos uma meta de ir pra frente. Um concorrente pra nós fazia a gente acordar mais cedo. A idéia era colocar a Folha sempre na frente. Ela tinha uma divulgação muito grande, uma preferência muito grande. A Folha tinha uma linha de conduta muita boa. Ela não se importava, não vivia de críticas, vivia de expansão, noticiar coisas boas, o progresso. Chegamos a circular em 200 municípios do Paraná. Naquele tempo, chegamos a ter uma tiragem de 8 mil exemplares. Um número expressivo para a época enquanto a Folha de Londrina não chegava a 5 mil. O Jornal de Maringá nunca chegou a ameaçar a Folha do Norte porque O Jornal sempre foi limitado. Ele era aquele jornal tradicional, não cresceu muito, decaiu, até que chegou um dia que também parou, entrou em decadência, como a Folha do Norte parou em 79. Em 79, a Folha estava disparada na frente. Quando parou é que O Diário começou a suspirar, foi aí que O Diário começou a crescer porque até então era o segundo jornal.”
Ao contrário do que afirmam os jornalistas que editaram as últimas edições da Folha, Fregadolli diz que o fechamento ocorreu por decisão de dom Jaime e não por inadimplência. Ele não analisa as fases do jornal: com a Diocese, com Dutra e a entrada de seu grupo.
Fregadolli analisa que a Folha nasceu forte e morreu forte. Sem meias palavras, afirma que era o maior jornal do interior do Paraná e que, de tão bem feito, era melhor do que os de Curitiba.
Enquanto pôde, Fregadolli lutou para continuar. Entrou na Justiça para ficar com o nome e perdeu. Talvez para dar vazão ao seu perene inconformismo, ele coloca doses cavalares de importância à Folha para o desenvolvimento de Maringá:
“A Folha do Norte abriu esta cidade, foi a mãe desta cidade. Realmente projetou esta cidade, deu uma expansão muito grande.”
O coração de Jorge Fregadolli fala mais alto. E quem poderá culpá-lo por este amor pelo jornal que continua tão latente e mal resolvido mesmo transcorridos trinta anos do seu fechamento?
Jorge Fregadolli, que entrou na Justiça para ficar com a Folha e perdeu: “A Folha do Norte abriu esta cidade, foi a mãe desta cidade”
(Foto: Tabajara Marques)
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