Para uma compreensão mais ampla do que representou a Folha do Norte do Paraná para o jornalismo maringaense e da região e para a própria cidade é necessário se situar no início da década de 1960.
Maringá era uma cidade em franco desenvolvimento. Empresas dos mais variados segmentos começaram a ser instaladas, fator que atraía profissionais de toda ordem para a cidade.
A fundação da Folha fez parte deste processo. A proposta era a de um jornal moderno, que criaria um divisor de águas na imprensa da cidade: antes e depois da Folha.
Conjectura-se que se a idealização do projeto Folha do Norte tivesse sido de um grupo empresarial, Maringá teria hoje um jornal com representatividade similar a uma publicação nacional.
Ocorre que os objetivos iniciais não estavam centrados em faturamento. Dom Jaime tinha como meta lançar um jornal que fosse porta voz da Igreja. Através da Folha, o bispo tinha intenção de integrar as paróquias das cidades da região e fortalecer a fé cristã contra o comunismo.
A venda das ações, que deu o respaldo para que o projeto fosse colocado em prática, se revelou inviável em menos de dois anos de funcionamento do jornal. Por incapacidade administrativa dos padres, que não estavam afeitos às nuances de uma empresa jornalística, a Folha por pouco não sucumbiu. Isto só não aconteceu porque entra na história Joaquim Dutra com seu espírito empreendedor.
Não há como contestar esta afirmativa porque foi a partir de Dutra que a Folha conseguiu se firmar e só passou a entrar em decadência após sua saída no final de 1973. Depois do período Dutra, em que pese todo o esforço dos diretores que o substituíram, a Folha foi diminuindo seu poder de fogo até se apagar em 1979.
Por mais de 10 anos, a Folha foi líder em Maringá e região. A chegada de O Diário coincidiu, ou talvez não tenha sido coincidência, com início do enfraquecimento da Folha.
À medida que O Diário se firmava, a Folha ia perdendo terreno. Ela ficou no tempo, não se modernizou. O tiro de misericórdia foi disparado por dom Jaime, que ganhou na Justiça o direito de ficar com o jornal para poder fechá-lo.
A liderança da Folha não pode ser explicada pelo fato de ela possuir uma linha editorial que fosse ao encontro dos interesses dos leitores. Salvo raras exceções, era uma linha “chapa-branca”, tutelada por dom Jaime. Se dependesse de um espírito vanguardista pra sobreviver, o jornal não teria sequer entrado na década de 1970. Como aconteceu com tantos que não cerraram fileiras com o governo militar.
Também não é possível creditar unicamente à equipe de redação esta liderança. Apesar do alto nível de grande parte destes profissionais, o engessamento na produção de reportagens os impedia de mostrar toda a sua capacidade. Em muitas oportunidades, o trabalho não diferia muito do que era realizado em publicações de menor porte de Maringá e região.
Antonio Augusto de Assis afirma que a Folha do Norte tinha um diferencial. Ele reforça que a Folha do Norte era popular pelo trabalho realizado pela Diocese, mas acrescenta um dado fundamental para explicar essa popularidade: o “maringaísmo”, que era exercitado nos editoriais.
Os editoriais da Folha, que, ao lado dos memoráveis artigos de dom Jaime, deixavam bem nítidas as principais razões de existir do jornal: a defesa da ética cristã e a luta pelos interesses da região de Maringá, aquela paixão que a gente chamava de "maringaísmo". Foi um lindo sonho, que enquanto durou foi muito útil a Maringá e a toda esta região. Agora é história. Que bom que recordada com saudade.
Portanto, para compreender esta liderança é preciso levar muito em conta o fato de que o jornal tinha uma grande penetração em Maringá e região porque seus propagadores eram os padres das paróquias e havia o empenho em divulgar a Cidade Canção.
Esta estrutura da Diocese permaneceu inalterada mesmo depois da saída dos padres da redação. Os diretores seguintes liam a cartilha do bispo e eram maringaenses empenhados no desenvolvimento de sua cidade. Um outro aspecto, tão importante quanto os citados, era a pouca concorrência que Folha enfrentava.
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