quinta-feira, 5 de março de 2009

Livro: "O Jornal do Bispo" - Capítulo 50 - JÁ QUE NÃO QUISERAM ESGOTAR TODO SANGUE, QUE ESTE RESTO SEJA O SUFICIENTE PARA MOSTRAR FORÇA

Com o surgimento do O Diário, a redação da Folha quis ser o que O Jornal vinha sendo: o segundo que incomoda. Mesmo com a modernidade do concorrente, queria continuar na preferência do mairngaense. Para alcançar esse objetivo era preciso publicar as melhores matérias. Obrigatoriamente, era preciso mudar.

Os fatores contrários à Folha eram vários, além do O Diário. Ter melhores matérias significava mexer com as estruturas. Na década de 1970, dom Jaime já não conjugava o verbo desafiar com tanta desenvoltura. A sua Diocese já estava estruturada e Maringá e região experimentavam um franco desenvolvimento.

Já havia uma disseminação de órgãos de imprensa. A Folha de Londrina passou a ter boa penetração em Maringá e região, seguida do Estado do Paraná e Gazeta do Povo. E a televisão chegou com força suficiente para ganhar, logo de cara, a preferência da população.

A partir de agora, a Folha passa a ser mais um jornal. Vai perder o jogo dentro de casa. Havia a conscientização de que a partir daquele momento o primo pobre seria a Folha do Norte do Paraná.

Faltando dez dias para o lançamento do O Diário, Assis, Elpídio e Poppi se reuniram na redação para elaborar um plano de modo a informar à cidade e ao concorrente que a Folha não estava morta.

Já que não quiseram esgotar todo sangue, que este resto seja o suficiente para mostrar força, pensaram. De 15 a 28 de junho de 1974 qualquer leitor, por menos observador que fosse, diria que a Folha estava dando os últimos suspiros.

Colunas social e esportiva já não estavam sendo publicadas. Nestes dias só havia a “tesoura press”, jargão que consiste em tirar textos completos de outras publicações. Notícias velhas ou requentadas eram comuns.

A nova direção da Folha queria passar a todos, principalmente ao O Diário, que estava agonizando. E conseguiu. Numa jogada de mestre da redação, foi adotada a seguinte estratégia: fazer um jornal até o dia 28 sem qualquer preocupação e no dia 29, no lançamento do O Diário, mostrar a cara da nova Folha do Norte do Paraná.

O plano era o de fazer pelo menos 20 edições naqueles dias, armazená-las e soltá-las a partir do dia 29. Edições com reportagens de peso, nova diagramação e novo design.

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