Com a informatização, várias fases para se fazer um jornal foram extintas. Hoje, as matérias são diagramadas no computador e enviadas para a pré-impressão. Para a montagem do fotolito se gasta menos que cinco minutos para página colorida e um para a preto e branco. O passo seguinte é a revelação, vindo o encaixe das cores ciano (azul), magenta, amarelo e preto. Então, é gravada a chapa e enviada para a impressora. Portanto, um processo rápido e eficiente.
Na Folha do Norte do Paraná, eram tortuosos os caminhos. Do repórter na rua coletando dados até o garoto fazendo a entrega do jornal eram muitas as dificuldades. Redigido texto, entrava em cena o revisor. Revisado, o material era enviado ao linotipista. A linotipo é um aparelho de composição em chumbo de linhas de texto em que a matéria é datilografada. À medida que se datilografa, as matrizes vão deslizando formando as palavras e as linhas. Encerrado este trabalho, é levado a uma caldeira com chumbo derretido em que a linha da matriz é fundida numa só placa.
Cada linha recebia uma carga de chumbo. Se determinada matéria contivesse 30 linhas, por exemplo, seriam 30 placas que deveriam ser alinhadas. Ajustadas todas as linhas, colocava-se um rolo de tinta no papel que estava sobre as placas para tirar o molde e fazer a revisão. É comum encontrar linhas fora de ordem em jornais das décadas de 1960 e 1970 por erro na disposição das placas e por “cochilo” do revisor.
Os títulos das matérias eram feitos no componedor, um aparelho de metal que reúne os tipos (letras). Faz-se o mesmo processo das linhas, fundindo o título numa só placa. Para as fotos, eram utilizados clichês de zinco. Composta toda a página, eram realizados ajustes de forma a completar os 80 centímetros de altura do exemplar. A página é levada até à calandra, uma prensa que produz matrizes, que imprimia nos papelões, os chamados flãs. Nestes flãs saía impressa a página em baixo-relevo.
Da calandra, o flã ia para a guilhotina para ser aparado. Depois, colocado num molde, onde era derramado o chumbo. Transformava-se, então, numa peça de cerca de 35 quilos. Gumercindo Carniel, que trabalhou 11 anos nas oficinas da Folha, seguia todos estes caminhos para chegar enfim à impressora. Um caminho que tinha que ser percorrido de acordo com o número de páginas da edição. Era pelo menos oito vezes numa noite, que na fase de Joaquim Dutra passou a 16 e em datas comemorativas chegou a 50. Mesmo passados décadas daquele trabalho, ele se lembra de todos os detalhes.
Gumercindo é quem conta: “Esta peça de 35 quilos, embora se colocasse na água para esfriar, não podia ficar esperando, então tirava a peça com as mãos protegidas com feltro para não queimar e colocava em cima de uma mesinha que tinha uma capa de aço e daí para o torno. Aí cortava a parte que sobrava, sempre tinha uma sobra de chumbo porque ele tinha que dar peso. Depois ia para a prensa. A prensa ia tirar todas as partes que tinha de sair em branco, que não podia pegar tinta. Tinha que afundar, que eram as partes que ficaram em claro, sem letra, sem nada e não podia pegar tinta. Depois de prensado e tirado tudo com um formão, a gente ia tirar aquelas rebarbas que ficava da prensa. Todas aquelas rebarbas, com formãozinho bem fininho. Daí é que ia para a rotativa, para a impressão.”
A máquina rotativa é uma impressora constituída de cilindros que funciona em movimento conjugado de rotação, desenrolando as bobinas automaticamente, e capaz de atingir alta velocidade. A rotativa da Folha era a tubular, modelo pequeno em relação às rotativas propriamente ditas. Seus cilindros são de diâmetro reduzido e assim são chamadas por serem destinadas a matrizes de forma tubular.
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