Na entrevista concedida à revista NP, de Aristeu Brandspein, em setembro de 1962, pouco antes do lançamento da Folha, é possível perceber a ambição do padre André Torres em relação à Folha do Norte. Seguramente, ele não estava em Maringá apenas para cumprir suas obrigações sacerdotais. Também é de se supor que pelo menos parte deste estado de espírito tomava conta dos membros da Diocese.
Para um bispo que tinha a intenção de dividir o Paraná, formando o Estado do Paranapanema, os objetivos eram bem mais abrangentes do que a circulação do jornal. A revista NP, de 3 de setembro, em seu editorial, divulgou os sonhos do padre André, que eram os sonhos da Diocese de Maringá.
“Será lançado em Maringá, como primeiro passo para a estruturação de uma poderosa cadeia regional de órgãos de informação, o matutino “Fôlha do Norte do Paraná”. Trata-se de um investimento da ordem de CR$ 100 milhões, com sede própria provisória, rotativa em fase final de montagem, oito linotipos, tituleira, material completo de clicheria e estereotipia, etc. A iniciativa é comandada pelo Padre André Torres, que não limita seus projetos ao matutino, que está para sair. Os planos do Padre André empreendem: a) transformação da “Fôlha do Norte do Paraná” em jornal do norte do Estado, efetivamente; b) criação de uma cadeia de jornais locais, capitaneados pelo órgão diário regional; c) seis estações de rádio disseminadas por aquêla região paranaense; uma estação de TV em Maringá; d) o lançamento da revista “Paraná em Foco”, rodada com apresentação de jornal, na rotativa da “Fôlha do Norte do Paraná”, que tem mais de 2 mil acionistas participando do empreendimento. E pretende lançar (ainda este mês) com 32 páginas e em duas cores; está contratando pessoal e se propõe a incrementar a posição de Maringá como centro geográfico e de irradiação econômica sôbre a zona do café. A distribuição da “Fôlha” será feita aos municípios mais afastados por avião, que se pagará também no transporte de passageiros. Um detalhe: o Padre André espera rapidamente aumentar sua circulação. “O segrêdo é levar o matutino também à zona rural.” O plano é simples: a distribuição será realizada nas escolas – os professores entregarão, todo o dia, o jornal aos alunos cujos pais sejam assinantes. A “Fôlha do Norte do Paraná” terá ampla cobertura da Igreja no interior do Paraná. “Nosso jornal” – disse a NP o Padre André – “Não será de direita nem de esquerda, mas de centro, no que esta palavra significa em termos de democracia. Faremos um jornal católico, mas não um jornal religioso.”
A maioria destes sonhos não chegou a ser realizado. Em menos de dois anos no comando da Folha, padre André foi defenestrado do cargo antes mesmo de Joaquim Dutra assumir como arrendatário. Padre André perdeu o cargo, deixou a batina e foi embora de Maringá. Ninguém sabe para onde.
(Arquivo pessoal de José Aparecido Borges)
(Arquivo pessoal de José Aparecido Borges)
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