De todos os prefeitos de Maringá, Adriano José Valente foi o que teve melhor relacionamento com dom Jaime e, por conseqüência, com a Folha do Norte. É grande a amizade. Seu nome consta como jornalista, o que ele nunca foi, entre os documentos para a abertura da empresa.
O advogado Adriano Valente, que em 2001 ainda trabalhava no seu escritório da avenida Parigot de Souza, não se lembra de muitos fatos relacionados especificamente à Folha do Norte, quando foi prefeito de Maringá de 1969 a 1973. Reclama que recebia muitas críticas no começo do mandato, mas não sabe informar se elas foram publicadas na Folha ou no O Jornal.
Verificando as edições da época, percebe-se que, com Adriano na Prefeitura, o período foi de calmaria na redação da Folha. Esporadicamente saíam críticas à sua administração. Se a Diocese estivesse no comando do jornal certamente elas não existiriam. Muito pelo contrário. O apoio de Adriano foi fundamental para que dom Jaime pudesse realizar o seu maior projeto: a construção da Catedral Nossa Senhora da Glória.
O ex-prefeito, que foi deputado federal em duas legislaturas, de 1975 a 1982, prefere lembrar das dificuldades que enfrentou ao assumir a Prefeitura. Diz que na primeira etapa da sua administração teve que pagar muitos débitos e não pôde colocar em prática seu plano de governo.
Ressalta, porém, que nos dois últimos anos inaugurou o Parque do Ingá, o Parque de Exposições e outras grandes obras. Informa que só depois de sanear as contas do Município é que pôde atender a imprensa.
“Aí eu pude realmente estar em contato com a imprensa de maneira diferente, porque aí já havia uma sobra orçamentária para ela.”
Para a concretização de seu maior projeto, dom Jaime colocou Adriano Valente, que acabara de tomar posse na Prefeitura, como presidente da Comissão de Construção da Catedral. O advogado, nascido na capital paulista, em 1921, que chegou em Maringá em 1956, fala com orgulho de sua participação na obra.
“Eu acho que foi fundamental a participação da administração municipal para a construção da Catedral. Dom Jaime me procurou para constituir uma comissão de construção. A Catedral estava nas capelas, estava alguns anos parada porque não havia meios de tocá-la. Logo que assumi, procuramos as pessoas mais dinâmicas para se empenhar na construção. O Município influenciou muito. Essas pessoas eram generosas, mas o Município estava sempre presente e inclusive com a doação de material, de pedra e outras coisas mais. Então, a Catedral começou a ser realmente levantada a partir das capelas na minha administração. Eu fiz questão de colocar a cruz lá em cima. Era uma obra de dom Jaime e ele realmente foi o inspirador e trabalhou muito para que ela pudesse ser concluída, mas a minha administração fez ela avançar.”
Com Adriano na prefeitura, dom Jaime realizou seu sonho. Coincidência ou não, logo após a posse de Silvio Barros, em 31 de janeiro de 1973, começaram os desentendimentos entre o bispo e o arrendatário da Folha, Joaquim Dutra.
(Nota do autor: a entrevista com Adriano Valente foi realizada em 2001)
Adriano Valente, prefeito de Maringá de 1969 a 1973; amizade com dom Jaime
Com Adriano, a administração municipal teve participação decisiva na construção da Catedral
(Reprodução foto Laércio Nickel Ferreira Lopes)
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