sábado, 14 de fevereiro de 2009

Livro: “O Jornal do Bispo” – Capítulo 20 – DA DIOCESE PARA DUTRA

Em 1964, Dom Jaime arrendou o jornal para Joaquim Dutra e Samuel Silveira, proprietários da Rádio Cultura de Maringá na época e que permaneceram sócios até o início do novo milênio.

Coincidência ou não, justamente naquele ano do arrendamento o golpe militar de 31 de março. A Frente Agrária Paranaense foi fechada, assim como os sindicatos. E as Ligas Camponesas banidas e seus líderes perseguidos.

Dutra tocou o jornal por quase dez anos, sempre com dom Jaime exercendo sua influência na linha editorial. As edições antes e após Dutra pouco diferem. Nota-se mais informações locais. As matérias relacionadas à administração municipal nos períodos de Luiz de Carvalho e Adriano Valente eram bastante favoráveis, ao contrário da gestão de Sílvio Barros (1973-1977). Uma prova da onipresença do bispo.

As reportagens do governo do Estado, que tinha o amigo de dom Jaime, Ney Braga, ocupando o Palácio Iguaçu, e Paulo Pimentel, também eram positivas. Se João Paulino tivesse sido prefeito no período de Dutra na Folha do Norte, não seria sistematicamente criticado. Dutra sempre o teve em alta conta:

“O João Paulino foi um grande prefeito. Foi prefeito duas vezes e sempre muito amigo nosso, tanto no rádio como no jornal. Ele sempre me incentivou e foi uma pessoa de valor extraordinário. Político que hoje você não vê mais.”
Com o arrendatário, o jornal tornou-se mais dinâmico, com mais informações. Antonio Augusto de Assis chegou no ano seguinte para comandar a redação. Assis tinha experiência no jornalismo e não se envolvia com as finanças, ao contrário do padre André. A venda de propaganda teria que ser intensificada, afinal a era de venda das ações havia terminado.

Com experiência administrativa e em meios de comunicação, Dutra foi buscar profissionais para fazer o jornal progredir. A partir de 1967 passou a contar com Jorge Fregadolli, publicitário bem relacionado na cidade, que conseguiu montar uma boa estrutura no departamento comercial.

Mesmo com a saída da Diocese dos negócios, a Folha continuou a utilizar a estrutura das cidades da região, estrutura formada a partir do trabalho dos padres das paróquias. Quando Dutra assumiu, a Folha tinha uma tiragem diária em torno de 7 mil exemplares e manteve este patamar até encerrar o arrendamento em 1973.
Joaquim Dutra, Gumercindo Carniel, Jorge Fregadolli, dom Jaime e o linotipista Tupã, em frente à Folha, no final dos anos de 1960
(Foto - arquivo pessoal de Gumercindo Carniel)

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