Projetos nas áreas de saúde, educação, infra-estrutura, segurança e habitação teriam que ser executados com urgência. Inúmeros atos administrativos, para tornar mais ágil o trabalho da prefeitura, teriam que ser assinados. A cidade pedia transformações. Nesse período, grande parte dos projetos aprovados pelos vereadores foi enviada pelo prefeito João Paulino à Câmara.
Hoje, esses projetos básicos para que Maringá pudesse atender à demanda podem parecer simples. Contudo, havia a necessidade de recursos, que no início da década de 1960 eram escassos. O governo do Estado pouco olhava para Maringá, tampouco a União lembrava da existência da Cidade Canção. A arrecadação dos impostos municipais, como o IPTU (Imposto Predial Urbano) era minguada.
Na entrevista concedida para este livro, em 2001, João Paulino lembra que antes de assumir, era comum funcionários do Município receberem do contribuinte para completar seus salários. Na Maringá da década de 1950 prevalecia ainda o estilo paroquiano de administrar.
Com João Paulino, a fazenda iluminada, apelido dado pelos londrinenses, segundo afirmam os pioneiros, começava a sair do primitivismo; começavam os primeiros sinais de enfraquecimento da relação paternal entre o poder Executivo e a população. JP foi a mão de ferro que deu início ao processo.
O termo “fazenda iluminada” não foi dado sem razão. Um exemplo disso foi contado por dom Jaime, que em pelo menos duas oportunidades impediu o prefeito Américo Dias Ferraz, que administrou a cidade de 1956 a 1960, de ir armado de revólver às sessões da Câmara, onde seriam votados projetos do Executivo. A Maringá de dez anos de emancipação política ainda podia contar com figuras como Ferraz, já falecido.
João Paulino era centralizador, mas não podia adotar a mesma postura de Ferraz. Novos tempos estavam surgindo e havia um detalhe muito importante: o novo prefeito era promotor público e, portanto, inconcebível colocar um revólver na cinta para discutir com vereadores ou quem quer que fosse.
Os principais projetos aprovados pela Câmara, de autoria dos vereadores, nos quatro anos de mandato de JP e transformados em lei foram os seguintes: autorizava entendimentos com a Copel, no sentido de se proceder a extensão da linha de energia elétrica da praça Souza Naves até o Aeroporto Gastão Vidigal, criava nos estabelecimentos de ensino primário municipal a merenda escolar, autorizava a criação da sub-prefeitura no distrito de Floriano, instituía o regime jurídico dos funcionários municipais, dispõe sobre a organização da Caixa de Assistência, Pensões e Seguros dos Servidores Municipais de Maringá (Capsema), considerava hino oficial do Município a composição de autoria dos professores Ary de Lima e Aniceto Matti já denominada Hino a Maringá, institui o Museu Municipal, autorizava o Executivo a construir 50 casas populares na Vila Morangueira, a obrigatoriedade da vacinação de crianças nas escolas municipais contra poliomielite, varíola, difteria, tétano, coqueluche e outras, instituía o Ambulatório Médico Municipal e oficializava os símbolos de Maringá: o brasão de armas e a bandeira.
Nos anos subseqüentes, com Luiz Moreira de Carvalho, Adriano Valente, Silvio Barros, já atravessando a década, e João Paulino novamente, a Câmara oscilou na sua relação com o poder Executivo. Em nenhuma legislatura pode-se afirmar que houve a independência, princípio que deveria ser básico entre os poderes. A cada ano os projetos foram se tornando mais específicos à medida que os básicos foram sendo aprovados.
A Folha do Norte acompanhou este processo sem muito empenho. Ao contrário de hoje, em que o trabalho legislativo é acompanhado detidamente pelos órgãos de comunicação, na década de 60, a Folha em especial, divulgava mais as questões políticas envolvendo João Paulino e vereadores contrários às ações da administração municipal.
Maringá: final dos anos de 1950
(Kenji Ueta)
Maringá: meados dos anos de 1960
(Kenji Ueta)
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