quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Livro: “O Jornal do Bispo” – Capítulo 25 – O SALTO DE FRANK


Acompanhar Joaquim Dutra era um caminho natural para Frank Silva. Já se conheciam desde a época que o colunista social falava no microfone da Cultura na década de 50. Outro fator, talvez o mais importante para seguir Dutra, era que ambos falavam a mesma língua. Ambos gostavam do jornalismo e viam nisso a possibilidade de ganhar dinheiro. Eram empreendedores. Frank tinha um bom rendimento na Folha, mas sabia que, por mais que se esforçasse, continuaria sob a tutela do bispo. Quando muito, poderia chegar a arrendatário. Quando foi chamado, não pensou duas vezes. Deixou a coluna social da Folha para Joel Cardoso, que iniciava no ramo, e foi fazer a sua no novo jornal. Suas explicações para a saída da Folha revelam a amizade por Dutra e a vontade de crescer. “Eu tenho um profundo respeito e admiração por dom Jaime. Foi, inegavelmente, a Folha que me deu aquela projeção. Mas, com o advento do O Diário, um jornal que tinha a garantia de ser super moderno e eu na vontade de procurar crescer, e convidado que fui pelo senhor Joaquim, que foi meu patrão na Rádio Cultura, onde tive o primeiro emprego em Maringá e a quem eu devia e devo lealdade, logicamente passei para O Diário.”
O grupo de Dutra ficou apenas dois anos à frente do O Diário. A sobrecarga de tantas empresas, entre elas a TV Cultura, inaugurada em 1975, fez com que o jornal quase fosse parar nas mãos do grupo que dirigia O Paraná, de Cascavel. Determinado a se desfazer do O Diário, o quarteto da Cultura, tendo Dutra como porta-voz, vendeu a metade das ações para o empresário Altamir Vinheski e 25% para Enésio Gomes Tristão, já falecido. Neste período, Dutra já não dava as cartas no O Diário, mas possuía ainda 25% das ações. Quase no final de 1975, tendo assumido o departamento comercial da TV Cultura, ofereceu as ações para Frank, que em meia hora fechou o negócio, mesmo sem ter o dinheiro suficiente. O restante foi parcelado. Neste ínterim, Vinheski vendeu as ações para o empresário Ramirez Pozza, que em 1987 viria a adquirir O Jornal de Maringá.
Já em 1976, Tristão vendia seus 25% para Frank e Edson Coelho Castilho. Com entradas e saídas repentinas de outros sócios, que participavam da sociedade por intermédio de Frank, que buscava recursos para obter os 50%, finalmente aconteceu o percentual equivalente. Ele adquiriu a parte de Castilho e ficou com a metade. A outra para Pozza. No final de 1976, Frank adquiriu os outros 50%.
Seu tino comercial havia sido colocado à prova mais do que nunca. O empreendedor na área do jornalismo há muitos anos não escreve. De colunista, virou colunável. É dono, juntamente com a ex-esposa Rosey Rachel Vieira da Silva e outros familiares, do jornal mais lido da cidade. O grupo do O Diário adquiriu, em 2002, a Rádio Cultura de Maringá, onde Frank começou na imprensa.
O Diário do Norte do Paraná é o pioneiro na cidade na impressão off-set e em cores, não apenas com o azul e o preto, como era a Folha. A cada ano, o jornal que Dutra fundou em 29 de junho de 1974 vem se modernizando, acompanhando as tendências do mercado e sempre buscando uma maior interatividade com Maringá e região.
Ao longo dos anos, desde sua fundação, a linha editorial do jornal, ou até mesmo a falta dela em alguns períodos, vem sendo questionada. No entanto, o espírito de luta de Frank para atingir seus objetivos é inquestionável.

De colunista social da Folha a dono do O Diário
Foto 28 – Arquivo de O Diário do Norte do Paraná

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