terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Livro: "O Jornal do Bispo" - Capítulo 10 - A PRIMEIRA EDIÇÃO

Alguns dias antes do lançamento da Folha, que oficialmente ocorreu no dia 25 de setembro de 1962, foi publicada uma edição experimental. Sem a data e o expediente. Com oito colunas, como eram os jornais da época, títulos com caixa alta na primeira letra de cada palavra quando não era colocado todo o título com letras maiúsculas. E a novidade no interior do Estado do Paraná: a cor azul em alguns títulos da capa e da última página, a 8, do esporte.

Espertamente, a direção colocou ao lado da manchete o aviso “fase experimental”, que seria publicado durante quase um mês. Havia uma grande expectativa em torno do lançamento da Folha. Dom Jaime temia que as primeiras edições não correspondessem a estas expectativas e em “fase experimental” os leitores e acionistas, não necessariamente nesta ordem, seriam mais compreensivos. A explicação para a “fase experimental” foi a de que os equipamentos estavam sendo ajustados.

Em termos editoriais, a Folha vinha com uma exaltação ao presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, o que se tornaria comum, tragédias no resto do mundo e João Paulino na berlinda. As notícias do Estado, do País e as internacionais chegavam a Maringá através da Transpress, uma agência de notícias que atuou na cidade só até 1965. As informações da política nacional eram obtidas através do rádio, que também era um grande aliado para Borba Filho, que cobria o esporte.

Na manchete desta edição, a Folha inaugurou a “inimizade cordial” com o prefeito JP, que perduraria por muitos anos, atravessando a década. Era uma manchete que visava reacender a polêmica entre João Paulino e o vereador e funcionário da prefeitura Joaquim Ferreira Dias. A Folha não havia entrevistado o prefeito. A informação fora “chupada” de um jornal de Londrina e “cozinhada”: “João Paulino acusa: Joaquim Ferreira Dias faz chantagem com sua posição de vereador.” Abaixo da manchete, a foto do prefeito. Na outra foto da capa, crítica à administração municipal. Era sobre a Cerro Azul, a principal avenida da Zona Dois, com um texto inicial que tanto poderia ser o título como foto-legenda: “Parou o serviço de asfaltamento: Cerro Azul completamente impedida”.

Da redação, além das matérias sobre João Paulino e da Cerro Azul e as colunas, constavam reportagens do esporte, com grande destaque para o Grêmio Esportivo Maringá, que se preparava para o jogo com o Arapongas, pelo Campeonato Paranaense; sobre o colégio eleitoral, informando que Maringá atingira 38 mil eleitores, sendo o terceiro do Estado; e o pedido da Associação Comercial à Rede Ferroviária para que o pátio da rede fosse asfaltado.
Na coluna Folha Feminina, escrita, mas não assinada, por Irene Mota, uma das poucas mulheres a escrever na Folha e por um curto período, informações sobre a coleção de inverno do estilista italiano Scarabocchio e tipos de óculos. Efetivamente, havia sido dada a largada daquele que deveria ser o maior jornal do interior do Estado.

A edição número 1, de 25 de setembro de 1962, não teve grandes novidades. Na manchete, “Estação Ferroviária não tem condições para funcionar: lama”. Trazia no expediente J. Torres, o padre André, como diretor superintendente, e Hugo Santana como diretor responsável. Para dom Jaime, a primeira edição foi aquela experimental que não tinha data nem expediente. Em 2001, no Museu Diocesano, na Catedral, esta “edição experimental” ocupava lugar de destaque.


A primeira edição, publicada em caráter experimental (Reprodução)

Logo no primeiro número teve início a “inimizade cordial” com João Paulino (Reprodução)

Folha Feminina sem o nome da responsável (Reprodução)

Expediente na primeira edição não constava o nome de dom Jaime. Só o de J. Torres (padre André) e Hugo Santana (Reprodução)

Um comentário:

dulce cruz disse...

gostaria de saber sobre uma reportagem da folha do norte de maringa mes de novembro de 1962...meu irmão estava estampado na primeira página...morreu com 4 anos debaixo de um caminhão na rua néo alves martim...seria possivel