Naquele dia, 13 de agosto de 1961, os bispos de Maringá, dom Jaime Luiz Coelho, e de Londrina, dom Geraldo Fernandes, lançavam oficialmente a FAP (Frente Agrária Paranaense). Eles conseguiram reunir em Maringá, com o apoio das dioceses de Campo Mourão e Jacarezinho, católicos de cerca de cem cidades paranaenses.
O encontro não ficou restrito à missa. Um grande churrasco foi preparado e um desfile de carros alegóricos pela avenida Brasil foi realizado. Maringá foi tomada por colheitadeiras, tratores e carros de boi, e por homens e mulheres com enxadas, machados e foices.
Os discursos acalorados e incisivos dos bispos tinham como inspiração a encíclica Mater et Magistra, publicada pelo papa João XXIII naquele ano. O papa pregava a organização dos trabalhadores rurais em sindicato. Dom Jaime discursou conclamando os trabalhadores a se organizarem, mas era necessário seguir “o justo caminho”.
A FAP tinha como metas a formação de líderes sindicais, a criação de sindicatos de orientação cristã, a criação de cooperativas para os pequenos produtores rurais, assistência educacional, religiosa e moral, e a assistência médico-hospitalar ao trabalhador rural.
O lançamento da FAP naquele domingo não aconteceu por acaso. Nos dias 12, 13, 14 e 15 de agosto daquele ano estava sendo realizado em Maringá o 2º Congresso de Lavradores e Trabalhadores Rurais do Paraná. O evento também era de grande magnitude e até mais representativo. O presidente da República, Jânio Quadros, foi representado pelo deputado Nestor Duarte, líder do governo na Câmara Federal.
Outros deputados federais e estaduais haviam comparecido. Autoridades locais, inclusive o prefeito João Paulino, e representantes de cidades da região também prestigiaram o congresso, além de líderes sindicais de vários pontos do País. Das fazendas paranaenses vieram cerca de 2 mil delegados.
E a maior estrela não poderia faltar: Francisco Julião, o presidente das Ligas Camponesas de Pernambuco, o homem que personificava o medo dos católicos com o avanço comunista. Dom Jaime e dom Geraldo tudo fizeram para que o congresso não fosse realizado. Foi pedida, inclusive, a intercessão do Vaticano.
Ofícios foram enviados aos poderes constituídos, inclusive à polícia. Em vão. Nos dias que antecederam aos eventos, apesar do clima tenso, não se imaginava que poderia haver confronto entre aqueles que eram ligados à Frente e os congressistas.
No dia 14, na avenida Brasil, cerca de 5 mil pessoas desfilaram em protesto contra o Congresso e pararam em frente ao prédio onde se realizava o encontro. A maior parte da passeata era formada por estudantes das escolas católicas de Maringá, Londrina e Apucarana. Portando cartazes contra o comunismo, contra Julião e as Ligas Camponesas, os estudantes, a maioria do Colégio Marista, gritavam palavras de ordem.
Não fosse a providencial chegada da polícia, o dia ficaria marcado com sangue na história. No inevitável choque, houve alguns feridos, embora sem gravidade, em confrontos isolados entre estudantes e alguns padres com os congressistas.
Não foi por acaso que em setembro daquele ano dom Jaime tivesse decidido levar adiante seu projeto de fundar a Folha do Norte do Paraná. O episódio havia dado ao bispo a exata dimensão da força da Igreja Católica no interior do Estado e ao mesmo tempo carregava de tintas a iminência do perigo comunista.
Como congregar as centenas de células católicas espalhadas em mais de cem cidades paranaenses abrigadas nas dioceses de Maringá, Londrina, Jacarezinho e Campo Mourão? Só à Diocese de Maringá pertenciam 20 cidades com uma população estimada em 1 milhão de habitantes.
Como municiar diariamente o rebanho com informações cristãs e anticomunistas? Como conter o avanço marxista levando-se em conta que o Governo Federal era condescendente com os sindicatos, principalmente com as ligas camponesas, que pregavam esta doutrina?
A decisão de montar um jornal diário, moderno e de grande abrangência surgiu depois destas elucubrações de dom Jaime, ainda em 1960, quando os recursos começaram a ser obtidos. Com a efervescência política em 1961, o bispo não queria protelar a implantação.
Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória, no início da década de 1960
(Foto: arquivo pessoal de José Aparecido Borges)
Multidão de fiéis na praça onde foi construída a Catedral, no início da década de 60
Os discursos acalorados e incisivos dos bispos tinham como inspiração a encíclica Mater et Magistra, publicada pelo papa João XXIII naquele ano. O papa pregava a organização dos trabalhadores rurais em sindicato. Dom Jaime discursou conclamando os trabalhadores a se organizarem, mas era necessário seguir “o justo caminho”.
A FAP tinha como metas a formação de líderes sindicais, a criação de sindicatos de orientação cristã, a criação de cooperativas para os pequenos produtores rurais, assistência educacional, religiosa e moral, e a assistência médico-hospitalar ao trabalhador rural.
O lançamento da FAP naquele domingo não aconteceu por acaso. Nos dias 12, 13, 14 e 15 de agosto daquele ano estava sendo realizado em Maringá o 2º Congresso de Lavradores e Trabalhadores Rurais do Paraná. O evento também era de grande magnitude e até mais representativo. O presidente da República, Jânio Quadros, foi representado pelo deputado Nestor Duarte, líder do governo na Câmara Federal.
Outros deputados federais e estaduais haviam comparecido. Autoridades locais, inclusive o prefeito João Paulino, e representantes de cidades da região também prestigiaram o congresso, além de líderes sindicais de vários pontos do País. Das fazendas paranaenses vieram cerca de 2 mil delegados.
E a maior estrela não poderia faltar: Francisco Julião, o presidente das Ligas Camponesas de Pernambuco, o homem que personificava o medo dos católicos com o avanço comunista. Dom Jaime e dom Geraldo tudo fizeram para que o congresso não fosse realizado. Foi pedida, inclusive, a intercessão do Vaticano.
Ofícios foram enviados aos poderes constituídos, inclusive à polícia. Em vão. Nos dias que antecederam aos eventos, apesar do clima tenso, não se imaginava que poderia haver confronto entre aqueles que eram ligados à Frente e os congressistas.
No dia 14, na avenida Brasil, cerca de 5 mil pessoas desfilaram em protesto contra o Congresso e pararam em frente ao prédio onde se realizava o encontro. A maior parte da passeata era formada por estudantes das escolas católicas de Maringá, Londrina e Apucarana. Portando cartazes contra o comunismo, contra Julião e as Ligas Camponesas, os estudantes, a maioria do Colégio Marista, gritavam palavras de ordem.
Não fosse a providencial chegada da polícia, o dia ficaria marcado com sangue na história. No inevitável choque, houve alguns feridos, embora sem gravidade, em confrontos isolados entre estudantes e alguns padres com os congressistas.
Não foi por acaso que em setembro daquele ano dom Jaime tivesse decidido levar adiante seu projeto de fundar a Folha do Norte do Paraná. O episódio havia dado ao bispo a exata dimensão da força da Igreja Católica no interior do Estado e ao mesmo tempo carregava de tintas a iminência do perigo comunista.
Como congregar as centenas de células católicas espalhadas em mais de cem cidades paranaenses abrigadas nas dioceses de Maringá, Londrina, Jacarezinho e Campo Mourão? Só à Diocese de Maringá pertenciam 20 cidades com uma população estimada em 1 milhão de habitantes.
Como municiar diariamente o rebanho com informações cristãs e anticomunistas? Como conter o avanço marxista levando-se em conta que o Governo Federal era condescendente com os sindicatos, principalmente com as ligas camponesas, que pregavam esta doutrina?
A decisão de montar um jornal diário, moderno e de grande abrangência surgiu depois destas elucubrações de dom Jaime, ainda em 1960, quando os recursos começaram a ser obtidos. Com a efervescência política em 1961, o bispo não queria protelar a implantação.
Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória, no início da década de 1960
(Foto: arquivo pessoal de José Aparecido Borges)
Multidão de fiéis na praça onde foi construída a Catedral, no início da década de 60
(Reprodução foto Museu Diocesano)
(Reprodução foto - site: www.maringa.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário