terça-feira, 20 de novembro de 2007
Gente da imprensa - Entrevista com Lukas
Quando eu estou dentro do ônibus, ou num boteco e ouço alguém elogiar algum cartum, sem saber que eu estou ali do lado. É uma coisa espontânea e é muito legal.
Nome completo:
Marcos César Lukaszewigz
Nascimento:
30/06/62
Onde trabalha:
Atualmente produzo para o jornal O Diário do Norte do Paraná, de Maringá, e já indo para 17 anos.
E-mail:
lukas@wnet.com.br
Blog:
http://www.casadonoca.blogspot.com/
Quando você começou a trabalhar na imprensa e como foi o início?
Comecei a publicar em 1982 de forma esporádica e sem ganhar nada pelo trabalho, mais por diversão. Aí, em 1987, comecei profissionalmente no O Jornal de Maringá. De lá pra cá, nunca mais parei. Pedi demissão de uma empresa do governo onde já trabalhava havia 9 anos (eu era concursado). Isso foi em 1989. O que eu queria mesmo era criar e desenhar. Fui morar sozinho e passei até fome por causa dos cartuns. Foi um ano e meio de amargura total. Publicava em um jornal pequeno e fazia bicos para publicações de entidades. Ganhava uma mixaria e tinha dó de mim. Não sei se já falei isso para alguém, mas, vai lá: certa noite, no quartinho do meu apartamento, eu olhei para minhas mãos e aquele monte de desenhos. A barriga vazia, e daí eu chorei que as lágrimas molharam os papéis; a coisa pingava como uma torneira e aí eu falava baixinho :"Ah, Deus (eu creio muito em Deus) Ah, Deus... o que que eu tô fazendo de errado nessa vida? Eu faço um trabalho tão honesto e tô aqui penando enquanto tem um monte de gente escrevendo porcaria nos jornais e nadando em dinheiro (eu pensava nas colunas sociai). E eu aqui, desse jeito. Me leva, Deus. Eu não aguento mais, me leva". E a coisa rolava de balde. Eu queria morrer. Bom... isso era março de 1991.No outro dia (e é verdade mesmo), o Marcos Lauer, editor do Diário à época, entrou em contato comigo pedindo pra ir falar com o Frank Silva. Resultado: era um convite pra eu fazer uma coluna aos domingos. Era uma quarta-feira e eu comecei no domingo. Já vão pra 17 anos de jornal. Era meia página, depois eu mesmo sugeri que passasse pra uma inteira e depois comecei a fazer charge na página 2 diariamente (lá por 1994).
O que você já fez na vida além de trabalhar na imprensa?
Trabalhei como mensageiro no Hotel Bandeirantes em 1978 e depois no Indaiá em 1980. Um ano em cada hotel. Aí em 82 eu fiz o concurso para a empresa estatal e classifiquei vegetais por um tempão. Aí, como eu já ganhava uma graninha com desenhos, pintou uma dor de cotovelo do gerente geral. Aí eu mandei tudo às favas e fui passar fome. Ma isso eu já falei.
Em quais veículos de comunicação você já trabalhou?
Comecei no O Jornal de Maringá, onde fazia meia página aos domingos e uma charge diária na página 2.; produzi por vários anos charges para o Jornal da Cocamar, mantive uma página de humor na revista Pois É durante dois anos (além de ilustrações para matérias); Revista da Acim, por quase oito anos; e na Gazeta Maringaense de 89 a 91. Aí eu fui pro Diário em 91. Em 1998 trabalhei como repórter no Diário por 9 meses. Foi uma experiência bem bacana.
Também criei dois quadros para um programa de TV no qual eu era o entrevistador (não me lembro o nome da moça). Eu saia às ruas e fazia perguntas absurdas pro pessoal. Foi muito legal e acho que foi na Bandeirantes, em 1990 -salvo engano. Fiz um quadro diário na CBN Maringá de cerca de 5 minutos. O nome era "Papo Furado" e era ao vivo. Durou um mês e meio e estava me desgatando. Aí teve jornal da UEM, Revista da Cidade, de Arapongas...
Quais as charges mais marcantes?
Não sei se foi a melhor, mas a que foi tema do vestibular de Redação da UEM em 91 repercutiu bem. Na verdade eu não gosto de dar nota pro meu trabalho. Já devo ter produzido mais de 20 mil cartuns e aí fica difícil apontar um.
Quais as maiores alegrias atuando na profissão?
Vamos esquecer o "Cartunista destaque do Ano", né? Kakakakakak. Já recebi sei mas nunca fui pegar. Não nessa ordem, mas o lançamento do meu primeiro livro em 1991; a peça de teatro que a garotada do Lar Escola apresentou baseada em meu trabalho (foi de encher os olhos); o lançamento do segundo livro e, 2000; os bate-papos/palestras que faço com a garotada em escolas e as exposições de meu trabalho. Ah... e quando eu estou dentro do ônibus, ou num boteco e ouço alguém elogiar algum cartum, sem saber que eu estou ali do lado. É uma coisa espontânea e é muito legal.
Quais as decepções?
Uma delas foi quando eu pedi as contas da estatal em 89 com a promessa de editar um Caderno de Cultura na Gazeta Maringaense. Caí de cabeça e não deu certo porque o pessoal ficou enrolando. Fiquei desenhado pra eles mas o projeto do Caderno furou. Apesar que eu já ia pedir as contas da empresa do governo mesmo. Atualmente a decepção tem sido o conservadorismo da imprensa maringaense. Mas também é outra coisa que eu aprendi a deixar pra lá. "Eles Passarão, eu passarinho", como disse o poeta.
Quais os planos?
Continuar desenhando pro jornal e escrevendo e fazendo cartuns pro blog; além de fazer exposições. Talvez, em 2010, um terceiro livro. Nada além disso.
Já pensou em fazer outra cosa na vida?
Eu pensei em fazer amizade com o Bill Gates, mas depois desisti. Falando sério: eu não sei fazer outra coisa.
Quem você admira na imprensa ou no mundo das charges?
Eu gostava muito do Aloysio Biondi, pra mim um dos caras mais sérios da imprensa brasileira, mas ele se foi em 2000. Paulo Henrique Amorim e Mino Carta são bons. O Heródoto Barbeiro já foi melhor, mas gosto dele. Se eu for falar de quem eu NÃO GOSTO vai faltar espaço.
Eu não sou fã de charges e gosto mais de cartuns. Laerte no Brasil pra mim é imbatível. Mas o que eu gosto mesmo é de quadrinhos: Carl Barks (Tio Patinhas); Will Esneir; Moebius; Jano e um mundaréu de quadrinistas europeus.
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