quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A vida é o que há


A vida é um susto, uma temeridade. Pingos de felicidade no mar das incertezas. A vida é um canto, um círculo de emoções. Riscos de amor no céu de matéria. O negativo invade as correntes, mas não anula a fraternidade. O positivo vai estar sempre presente, mas nem sempre impera. Os homens vivem para amar, ainda que inconscientes. O braço no abraço, o ato que supera este sobressalto de viver. Amar é a força propulsora.

A vida nos põe à frente dos perigos e ao alcance das alegrias. Perigosamente felizes, contabilizamos vitórias e derrotas. O que é a vida senão um eterno jogo que nos torna, bem ou mal, vencedores. Um perpétuo combate que por si só nos deixa com a certeza de ter valido a pena. Pomos um sorriso na face ou, de repente, uma carranca. Ora lentos, ora lépidos, nossos passos vão de encontro a qualquer situação.

Brilhantes ou opacos, nossos olhos, as janelas para a vida, contemplam e acreditam no que há de vir. Otimistas de ocasião, uma ocasião que dura uma vida e só o instante, levamos sustos e medos, mas nos contentamos em ser e fazer parte disso tudo. A massa que nos leva e dela fugimos. Levamos sonhos e deixamos outros no meio do caminho. Sonhos leves e pesados, os pesadelos diários não impedem nosso trajeto.

Há um sinal de eternidade na caminhada, um aviso de brevidade nas esquinas e uma música de acordes múltiplos fazendo nossa trilha. A vista nos assusta, nos faz temer, nos faz tremer. A vida nos alegra, nos faz fortes, nos faz capazes. Viver é o grande dom. Viver e conviver com a flor e a dor, o mel e o fel, o riso e a lágrima. Para viver sempre, para viver demais. A vida é o que há.

(Livro Da Minha Janela, publicado em 2003)

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